sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dom Mário Gurgel - Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº38

A celebração litúrgica da visita de Maria a Isabel tem sua origem, na liturgia romana, no século VI, mas só em 1389 foi estendida a toda a Igreja.

A Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel que, inicialmente, era celebrada no dia 2 de Julho, foi antecipada para 31 de Maio para ficar entre a Anunciação (25 de Março) e a Natividade de São João Batista (24 de Junho).

Não se pode imaginar que Lucas registrasse este episódio - do versículo 39 ao 46 do capítulo primeiro do seu evangelho - simplesmente por se tratar de um ato de cordialidade de Maria para com Isabel. De fato, ele inclui aspectos fundamentais para conhecermos a personalidade da Mãe do Salvador, dos quais salientamos três:

1 - A servidora dos irmãos

Na Anunciação o anjo lhe revelara que Isabel estava no sexto mês de gravidez. Declarando-se "serva do Senhor", Maria, repleta do Espírito Santo, compreendeu que essa circunstância lhe oferecia oportunidade de servir a Deus, servindo à Isabel. Por isso, "apressadamente", põe-se a caminhar, subindo a montanha até à casa de sua prima, onde permaneceu com ela os três meses que faltavam até o nascimento de João.
Esse mesmo espírito de serviço ela demonstrou, mais tarde, quando intercedeu pelos noivos, angustiados pela falta de vinho, nas bodas de Caná. Sua renúncia à convivência com Jesus, quando ele a deixa para realizar sua obra evangelizadora, e sua aceitação da paixão e morte de seu Divino Filho para a salvação da humanidade, fazem parte dessa sua missão de "servidora dos irmãos".
"Depois de elevada ao céu, ela não abandonou esta missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz" (LG 62).

2 - A portadora de Cristo

A visita de Maria à Isabel nos mostra uma outra prerrogativa da Mãe do Salvador. Ela, já levava Cristo em seu puríssimo ventre, trouxe a santificação do Precursor e a iluminação de Isabel pelo Espírito Santo. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1,41-42).
O que se realizou naquela ocasião, continua realizar-se através da história da salvação. É absurdo pensar que Maria possa ser obstáculo no caminho no Jesus. Pelo contrário. Ela só tem sentido como "portadora de Jesus" e canal, através do qual, se espelha a graça do Espírito Santo.

3 - A humilde agradecida

Maria tinha consciência de que o Onipotente realizara nela a maior das maravilhas: A Encarnação do Filho de Deus. Mas tinha profunda convicção de que, como criatura, era nada. Tudo em seu ser e em sua vida era pura benevolência de Deus. Por isso ela, na mais profunda humildade, prorrompe em louvores, cantando: "Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo" (Lc 1,46-49).

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