sábado, 20 de setembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Hino Oficial da Legião de Maria

1. Quem é essa que surge formosa,
Como o sol fulgurante na serra.
Como aurora de luz radiosa,
Qual exército em linha de guerra?

É a Virgem, a Mãe Legionária,
É Maria, a Rainha dos Céus,
Que nos faz a luz missionária.
Para o mundo levar até Deus. (bis)

2. Dai-nos, Virgem, a fé mais profunda.
Como a rocha plantada no mar,
Que a todos coragem infunda,
Se a vida vitórias negar.

3. Dai-nos fé que nos faça lutar.
Grandes coisas por Deus empreender;
Procuremos as almas salvar.
Sem temor, pois é nosso dever.

4. Dai-nos fé que, na santa Legião,
Seja o vínculo, a chama brilhante,
Que conserve entre nós a união,
E o fraco transforme em gigante.

5. E um dia no Céu, ó Maria,
Nós unidos queremos estar;
Entoando a mais doce harmonia,
Vossa glória nós vamos cantar!

Santos da Legião - Frank Duff



Um Homem fora de série

"O grande ausente" chegou e tomou seu lugar, naquele setembro de 1965, entre os delegados e observadores do Concílio Vaticano II, realizado na Basílica de São Pedro, em Roma. Ele espera dois anos por esse momento. Ao notar sua presença, o Cardeal Heenan, da Grã-Bretanha, interrompeu seu discurso para comunicar aos dois mil, e quinhentos patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos, abades e superiores de ordens religiosas na Quarta Sessão, que Frank Duff, o gênio dirigente da Legião de Maria, se tornara, finalmente, um participante do Concílio.

O Cardeal Leo Suenens, da Bélgica, relembrava que os delegados do Concílio Cumprimentaram Duff "com uma calorosa e emocionante ovação. Foi um momento inesquecível". Muitos delegados haviam questionado por que Duff, líder de um dos maiores e mais efetivos movimentos leigos da Igreja, não fora convidado, junto com outros observadores leigos, em 1963.

O modesto Duff, tranqüilamente sentado em seu lugar, aceitou a honra que os delegados lhe concederam, não para si, mas para os milhares de apóstolos leigos que ele representava. O aplauso foi duramente conquistado - bem como cada êxito que havia experimentado.

Frank Duff nasceu em Dublin, no dia 07 de junho de 1889, freqüentou a Escola Belvedere dos Jesuítas e depois o Colégio BlackrocK dos Padres do Espírito Santo.
Frank possuía misteriosa habilidade de se comunicar com o povo humilde do mundo. Filósofo, teólogo, estudioso da Bíblia, possuindo farto conhecimento de medicina, ciência e matemática, ele era, acima e além de tudo, um comunicador. Expressava as idéias mais abstratas em linguagem simples. O seu Manual da Legião de Maria, já traduzido em mais de setenta línguas, apresenta profundos fundamentos teológicos da Legião, em palavras que as pessoas mais simples podem entender.

Passados três meses do primeiro encontro da Legião de Maria em 1921, Frank Duff avisou ao grupo pioneiro que, um dia, seu movimento englobaria o mundo inteiro. "As senhoras achavam isto tão inverossímil", Frank relembrava sessenta anos depois, "que elas passaram quase cinco minutos em uma estrondosa gargalhada". As senhoras não contavam com a perseverança determinação de Frank Duff, o alcance de sua visão, nem com sua fé inabalável nos destinos da Legião. Retrocedendo dois mil anos, ele transportou, para sua Legião de Maria, a estrutura da organização do exército romano.

Olhando para o futuro, Frank via a Legião como o exército de Maria, dedicado a arrebanhar homens e mulheres, jovens e crianças para Cristo, o Rei.
Embora visionário, tinha pouca paciência para grandes esquemas. Era o mestre da ação concreta, das metas atingíveis. A Legião, firmemente acreditava, conquistaria o mundo passo a passo.

Frank Duff, convencido de que a Legião serviria à Igreja, no que ele denominava "a terrível batalha do século XXI", usava cada oportunidade para se encontrar e falar com o povo. Nos seus últimos anos, era amplamente respeitado como líder leigo.
A essência dos sonhos e ações de Frank Duff foi sua devoção a Maria, Mãe de Deus. Pouco antes de sua morte, em 1980, dissera: "Desde o primeiro momento, a Legião esteve nas mãos de Maria. Minha partida não vai alterar nada".

Frank Duff - "Obrigado pelo seu companheirismo".

Santos da Legião - Edel Quinn



Uma Vida dedicada a Legião de Maria

Edel Quinn nasceu no dia 14/09/1907, em Greenane, perto de Kanturk, no Condado de Cork (Irlanda).

Era uma simples moça irlandesa que, "pelo extraordinário exemplo de sua vida, viria a alterar o curso da história". Nada, em sua meninice e adolescência, faria prever sua futura glória: era uma garota encantadora, alegre e atraente, como tantas outras.
Edel conheceu a Legião através de uma amiga. Esta recusou um convite de Edel para ir até sua casa, alegando que tinha de ir a uma reunião da Legião de Maria.

Edel interessou-se pelo movimento e quis participar da reunião. Tornou-se, então, membro ativo e, após dois anos, era já presidente de um praesidium encarregado da recuperação de mulheres decaídas. Edel era totalmente devotada à causa legionária.
Em 30/10/1936, partiu para a África Oriental, como Enviada da Legião, dedicando-se a um apostolado heróico até a morte, por 7 anos e meio, sem nunca voltar à pátria e rever a família.

Apesar de dificuldades tremendas, conseguiu estabelecer a Legião em todo o território do Vicariato de Zanzibar. Depois, animada de incansável zêlo, apesar da saúde sempre delicada (por causa da tuberculose), percorre os imensos territórios de Kenia, Tanganika, Uganda, Niassaland e ilhas Mauritius.

Em obrigada, algumas vezes, a um repouso forçado em hospitais, mas, ainda assim, prosseguia em seu apostolado, através da oração e da correspondência.

Em 1943, escrevia uma testemunha ocular a seu respeito: "Não está curada. Está pesando muito pouco e lhe é muito penosa a presente estação de chuvas. Tem dificuldades para respirar. Qualquer esforço físico, mesmo leve, deixa-a sem fôlego e necessitada de descanso. É uma criatura extraordinária, um magnífico exemplo de vocação cumprida com integral fidelidade".

Todos os que a conheceram de perto observaram que, sob a intensa atividade exterior, escondia-se uma profunda vida de união com Deus. A Missa, desde a juventude até o final, foi o centro de sua vida. Chegava a viajar horas e horas em jejum - certa vez ficou 17 horas sem comer - só para poder receber a Santa Comunhão. Atribuía ela ao Santíssimo Sacramento a graça de poder prosseguir na luta: "Como a vida seria solitária sem Ele", escreveu certa vez.

Seu imenso amor pela Virgem Mãe de Deus, sua confiança e total dependência de Maria, impregnava todos os aspectos de sua vida, tendo alcançado um grau pouco comum de união com Nossa Senhora. Quando lhe perguntaram se alguma vez lhe tinha recusado alguma coisa, respondeu: "Não, nunca lhe neguei nada, em tudo quanto me pareceu ser a sua vontade".

Conservou-se sempre alegre até o fim. Um sacerdote, que a visitou poucos dias antes da morte, encontrou-a de "extraorinário e contagiante bom humor". O fim foi repentino. Tomada de surpresa, apenas perguntou: "O que está acontecendo comigo? Será que Jesus veio me buscar?"

Foi no dia 12/05/1944. O seu falecimento foi comunicado a Dublin, centro da Legião de Maria, por telegrama expedido pelo Exmo. Sr. Cardeal Secretário de Estado de Sua SAntidade, quando - estando ainda a Europa em guerra - a notícia chegou ao conhecimento do Vaticano. Em Nairóbi, onde estabelecera a sua primeira Curia anos atrás, foi sepultada em cemitério reservado aos missionários.

Dom Mário Gurgel - Biografia

Biografia

Foi batizado no dia 05 de novembro de 1921, na Matriz de Sant'Ana, em sua cidade natal, pelas mãos do Padre José Coelho de Figueiredo Rocha. Foi admitido à Primeira Eucaristia no dia 28 de janeiro de 1928, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Limoeiro do Norte, pelas mãos de seu tio Monsenhor Vital Gurgel Guedes. Em 1931, ingressou no Seminário Salvatoriano de Jundiaí e a 1º de fevereiro de 1937 recebeu o hábito. Nessa ocasião adotou o nome de Mário Teixeira Gurgel, em homenagem a seu pai. Fez sua primeira profissão religiosa em 02 de fevereiro de 1938 e a profissão perpétua em novembro de 1942.

Por imposião das mãos de S. Exma. Revma. D. Jaime de Barros Câmara, foi ordenado sacerdote no dia 29 de junho de 1944, na Matriz de São Paulo Apóstolo, Rio de Janeiro. Trabalhou em várias paróquias, seminários, escolas e na Faculdade de Filosofia de Crato, no Ceará. Trabalhou também na direção de movimentos de apostolado leigo, especialmente da Legião de Maria.

Em 1966, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, como subsecretário geral. Em 14 de maio de 1967 foi ordenado Bispo, sendo sagrante principal D. Jaime de Barros Câmara, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro. De 1967 a 1971 trabalhou como Bispo-Auxiliar do Rio de Janeiro, sendo responsável pelo Vicariato Suburbano.

Em 1971, no dia 24 de maio, foi nomeado Bispo Diocesano de Itabira e a 18 de junho do mesmo ano, tomou posse em Missa celebrada na Capela do Colégio Nossa Senhora da Dores.

Durante o pontificado do Papa Paulo VI, foi membro da Congregação para a Propagação da Fé, do Segretariado para a União dos Cristãos, do Secretariado para os Não-Cristãos e também membro da Comissão Internacional de Catequese. Participou também do Departamento de Catequese do Celan e do Sínodo Internacional de Catequese. Na CNBB Leste II, foi responsável pelo Ensino Religioso e Catequese. Atualmente é Diretor Espiritual da Curia Nossa Senhora Aparecida - Itabira/MG e Assessor da CNBB para a Legião de Maria.

Tudo isso é apenas um pouco da vida desse nosso querido Dom Mário Teixeira Gurgel, que traz uma contribuição importante para a caminhada da Legião de Maria dentro da Igreja, que se volta para as exigências do Terceiro Milênio do Cristianismo.

Dom Mário Gurgel - na Romaria da Legião de Maria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora, na Aparecida/SP - 03 e 04 de junho/2006. Fragmentos de Homília e entrevista:

"Não deve o homem separar o que Deus uniu. ...Peçamos sempre a força do Espírito Santo e a intercessão de Maria. É na Legião sempre fazemos isso, rezamos primeiro ao Espírito e depois à Maria. Em tudo que fazemos, o Espírito Santo está agindo em nós."

"A festa de Pentecostes é o ínicio da Igreja. O Espírito é o agente principal da evangelização, fortalecendo na missão de pregar o Evangelho. A infusão do Espírito nos renova o compromisso de fidelidade."

"O pecado da omissão, faz com que não levemos a fé aos outros."

"Sempre juntar Maria a Evangelização. Maria sem Espírito é uma sombra, o Espírito sem Maria é um Deus longíncuo. Nenhuma reunião da Legião acontece sem que se reze ao Espírito e o terço. Maria de Nazaré e os Senatus, ligam o Espírito à Igreja."

"Trabalho com a Legião há 62 anos. Tudo é feito com eficiência, espiritualidade e disciplina. Trabalhando semanalmente, prestando conta da profunda devoção ao Espírito Santo e Maria. ...Tenho uma força tremenda, que cresce muito."

Dom Mário Gurgel - Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº38

A celebração litúrgica da visita de Maria a Isabel tem sua origem, na liturgia romana, no século VI, mas só em 1389 foi estendida a toda a Igreja.

A Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel que, inicialmente, era celebrada no dia 2 de Julho, foi antecipada para 31 de Maio para ficar entre a Anunciação (25 de Março) e a Natividade de São João Batista (24 de Junho).

Não se pode imaginar que Lucas registrasse este episódio - do versículo 39 ao 46 do capítulo primeiro do seu evangelho - simplesmente por se tratar de um ato de cordialidade de Maria para com Isabel. De fato, ele inclui aspectos fundamentais para conhecermos a personalidade da Mãe do Salvador, dos quais salientamos três:

1 - A servidora dos irmãos

Na Anunciação o anjo lhe revelara que Isabel estava no sexto mês de gravidez. Declarando-se "serva do Senhor", Maria, repleta do Espírito Santo, compreendeu que essa circunstância lhe oferecia oportunidade de servir a Deus, servindo à Isabel. Por isso, "apressadamente", põe-se a caminhar, subindo a montanha até à casa de sua prima, onde permaneceu com ela os três meses que faltavam até o nascimento de João.
Esse mesmo espírito de serviço ela demonstrou, mais tarde, quando intercedeu pelos noivos, angustiados pela falta de vinho, nas bodas de Caná. Sua renúncia à convivência com Jesus, quando ele a deixa para realizar sua obra evangelizadora, e sua aceitação da paixão e morte de seu Divino Filho para a salvação da humanidade, fazem parte dessa sua missão de "servidora dos irmãos".
"Depois de elevada ao céu, ela não abandonou esta missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz" (LG 62).

2 - A portadora de Cristo

A visita de Maria à Isabel nos mostra uma outra prerrogativa da Mãe do Salvador. Ela, já levava Cristo em seu puríssimo ventre, trouxe a santificação do Precursor e a iluminação de Isabel pelo Espírito Santo. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1,41-42).
O que se realizou naquela ocasião, continua realizar-se através da história da salvação. É absurdo pensar que Maria possa ser obstáculo no caminho no Jesus. Pelo contrário. Ela só tem sentido como "portadora de Jesus" e canal, através do qual, se espelha a graça do Espírito Santo.

3 - A humilde agradecida

Maria tinha consciência de que o Onipotente realizara nela a maior das maravilhas: A Encarnação do Filho de Deus. Mas tinha profunda convicção de que, como criatura, era nada. Tudo em seu ser e em sua vida era pura benevolência de Deus. Por isso ela, na mais profunda humildade, prorrompe em louvores, cantando: "Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo" (Lc 1,46-49).

Dom Mário Gurgel - Uma Virtude ás vezes Esquecida

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista da Legião de Maria, nº69

A Legião de Maria tem duas características muito valiosas e que, facilmente, dão na vista: a seriedade com relação aos compromissos assumidos, especialmente quanto à reunião semanal e trabalho, e a disciplina que exige de todos os soldados de sua Rainha e Mãe, Maria.

Entretanto há uma virtude que poderá passar despercebida até por legionários muitos zelosos e que, no entanto, é colocada pelo Manual como fundamental, tanto para a Legião como um todo, quanto para cada legionário, em sua vida e em sua atividade. Refiro-me à virtude da humildade.

Com razão nos lembra o Manual que "Se a união com Maria é a condição básica indispensável, a raiz, por assim dizer, da ação legionária, então a humildade é o solo onde esta união deve mergulhar suas raízes. Se o solo é pobre e árido, a vida legionária murcha e morre" (Man. Cap. 6, item 2, pág.29).

Nem poderia ser diferente quando pensamos que o Divino Salvador, para salvar a humanidade, "aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo...humilhou-se, feito obediente até a morte de cruz" (Fl 2,6). E que sua mais perfeita imitadora, Maria, quando reconhece que o Onipotente fez nela grandes coisas, mostra o motivo: "Ele olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1,48). "Foi a humildade que atraiu os seus olhares e o fez descer à terra, para acabar com o velho mundo e inaugurar uma nova era" (Man. Cap. 6, item 2, pág.28).

O que torna mais difícil a prática da verdadeira humildade é que, para conquistá-la, temos que lutar contra nós mesmos. "A batalha da Legião começa no coração de cada legionário. Este tem de travar combate consigo mesmo, esmagando decididamente o espírito de orgulho e egoísmo." (Man.Cap.6, item 2, pág. 29)

A falta de humildade anula todo o esforço de santificação e todo o trabalho apostólico, pois "Deus resiste aos soberbos e aos humildes dá a sua graça" (Tg. 4,6; 1Pd 5,5).

Além disso, do orgulho e da soberba nasce a inveja que envenena todo o relacionamento fraterno entre os legionários. Com razão afirma o Manual que a inveja raramente é pequena. "É amargor de coração que envenena todas as relações humanas." (Man.Cap. 33, item 7, pág.193) "O verdadeiro apóstolo se alegrará com o progresso dos outros, nunca interpretando o crescimento deles como diminuição de si próprio." (Man. Cap. 33, item 7, pág 194)

Não se originará também da falta de humildade de alguns legionários a antipatia demonstrada contra a Legião por parte de alguns sacerdotes, por pessoas de Igreja e outras associações e movimentos?

É preciso, pois, estar muito atentos para não nos deixarmos enganar por nós mesmo: o orgulho, a vaidade e a soberba podem estar camuflando até sob a capa de virtudes, como zelo, fidelidade e até caridade.

Só uma Legião humilde é Legião de Maria. E só legionários humildes podem ser "cópias vivas de Maria" (Man. Cap. 6, item 1, pág. 27), a humilde serva do Senhor e dos irmãos.

Dom Mário Gurgel - Quem pode ser Missionário ?

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº 43

À primeira vista, a resposta é óbvia: Muito poucos, pois a maioria, devido ao próprio estado ou circunstâncias da vida, não pode deixar seus compromissos e ocupações e partir para as terras de missão.

No entanto, o Concílio Vaticano II, após dedicar um longo parágrafo da Constituição Luz dos Povos à índole missionária da Igreja (n. 17), explicita no Decreto sobre as Missões: "Como membros de Cristo vivo, a Ele incorporados e configurados pelo Batismo...todos os fiéis são obrigados ao dever de cooperar na expansão e dilatação de seu Corpo para o levarem quanto antes à plenitude" (AG 36).

Portanto, todo cristão, não só pode, mas deve ser missionário. O que faz muitas pessoas restringir o conceito de missão a determinadas regiões ou atividades é julgar que ela se dirige apenas aos que nunca ouviram pregação do Evangelho, e esquecer que o Reino de Deus não se propaga somente com o exercício da atividade missionária. Exige, antes de tudo, a ação do Espírito Santo, como nos recorda João Paulo II: "O Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial" (RM 21). O que já fora lembrado anteriormente por Paulo VI: Nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo" (EN 75). E essa atuação deve ser conseguida pela oração.

Só assim podemos entender porque o Papa Pio IX em 14 de dezembro de 1927 declarou padroeira principal de todos os missionários e missionárias, Santa Teresinha do Menino Jesus, humilde religiosa carmelita que, embora acalentasse o desejo de ir para as Missões da Indochina, devido à sua saúde precária, nunca pode sair de seu convento de Lisieux.

Seu coração ardia de zelo missionário, como ela mesma exprime em sua auto-biografia: "Eu quisera ser missionária, não somente durante alguns anos, mas quisera ter sido desde a criação do mundo e sê-lo até à consumação dos séculos".

Esse élan missionário era o objetivo de suas orações e por ele oferecia os terríveis sofrimentos que teve de suportar, especialmente nos últimos anos de sua breve existência. Na medida do possível, procurava ainda corresponder-se com vários missionários.

Teresa não foi a única missionária que nunca esteve em campo de missão. Houve alguém mais importante do que ela: Maria, a mão do Salvador, que é saudada, no Decreto sobre as Missões, como Rainha dos Apóstolos (AG 42).

Certamente, às suas orações no Cenáculo se deve à profusão do Espírito que transformou aqueles fracos e inseguros discípulos de Jesus em corajosos Apóstolos. Como afirma Paulo VI: "Não foi senão depois da vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, que os apóstolos partiram para todas as partes do mundo a fim de começarem a grande obra de evangelização da Igreja" (EN 75).

Portanto, para todos os cristãos, mesmo que impossibilitados de partir para as "terras de missão", há inúmeras maneiras de cumprir seu dever missionário. Além de oferecer para isso suas orações e sofrimentos, podem ajudar as obras missionárias, a imprensa missionária e as congregações missionárias que tem grande dificuldade de realizar suas tarefas evangelizadoras, por falta de meios econômicos, como, por exemplo, a TV Aparecida.

Não podemos também deixar de lembrar que, mesmo em nossos ambientes, ditos "católicos", há muita necessidade de um trabalho de evangelização que facilmente podemos assumir, desde que tenhamos um pouco de zelo pelo Reino de Deus. É nesse campo imenso que se destaca a Legião de Maria.

Dom Mário Gurgel - Romaria da Legião de Maria a Aparecida

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aprecida, nº39

"Visitar a casa de sua Mãe e Rainha é a viva expressão de um relacionamento todo especial que a ela os une indissoluvelmente"

Todos os anos, o primeiro domingo de junho é uma importante data no calendário de todos os Conselhos da Legião de Maria no Brasil. É o dia em que os legionário de todo os país acorrem ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida para sua romaria anual.

Se, para todo católico brasileiro, visitar a casa de sua Mãe e Rainha, é uma manifestação pública de sua devoção e amor a Nossa Senhora, para os legionários de Maria é a viva expressão de um relacionamento todo especial que a ela os une indissoluvelmente.

O objetivo da Legião é "levar Maria ao mundo" (Man. cap.5,7), como meio seguro de levá-lo a Jesus. Seu espírito é "o próprio espírito de Maria" (Man. cap.3), de quem os legionários deverão espelhar todas as virtudes e, acima de tudo, a fé, a caridade e o zelo apostólico. Seu princípio fundamental é ainda Maria: "A Legião não se baseia, como alguns pretendem, sobre dois princípios, Maria e o Apostolado, mas sobre um só princípio - Maria - o qual abrange, por si só, o apostolado e toda a vida cristã" (Man. cap;6,3)

A ela estamos unidos:
- na reunião semanal, quando em torno à sua imagem recitamos a invocação ao Espírito Santo e o terço;
- em nosso trabalho apostólico semanal, permitindo que Ela, através de nós, "continue a cuidar de seu divino Filho no Corpo Místico (Man. cap 18);
- diariamente, ao recitarmos seu hino de louvor, o "Magnificat".

Por isso, o primeiro objetivo da Romaria é renovar solenemente nossa inteira consagração a ela e fazê-lo com a presença de legionários procedentes de todos os rincões do Brasil, do Amapá ao Rio Grande do Sul, do Acre ao Rio Grande do Norte. Em torno da querida imagem da Senhora Aparecida, com nossos estandartes levantados, queremos dizer, com fé e ardor, as palavras que pronunciamos todos os anos, por ocasião da ACIES: "Eu sou todo vosso, ó Minha Rainha e Minha Mãe, e tudo quanto tenho vos pertence".

Em segundo lugar, desejamos pedir-lhe que abençoe nossas pessoas e nossas famílias; nossos trabalhos apostólicos e as pessoas a quem eles se dirigem; a Igreja e o Santo Padre Bento XVI; e a Legião, para que seja sempre fiel à Igreja e aos objetivos, espiritualidade e estrutura legionários, de tal forma que "a nossa Legião possa reunir-se, sem uma só perda, no Reino do amor e da Glória" (Oração final).

Queremos voltar de Aparecida, onde estaremos reunidos como os Apóstolos no Cenáculo, com Maria, a mãe de Jesus (At 1,14), repletos do Espírito Santo para, com renovado zelo e entusiasmo, prosseguir na luta pela implantação do Reino de Deus, sob a bandeira daquela que "avança como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol e - para Satanás - terrível como um exército em ordem de batalha" (Catena Legionis).

Dom ´Mário Gurgel - Por Maria a Jesus

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº35

A festa da Apresentação de Jesus no templo está intimamente ligada à missão redentora de Cristo. Recordando o preceito da Lei mosaica de resgate dos primogênitos (Êx 13,10), ela nos leva a pensar em Cristo que se tornou, por sua morte e ressurreição, o "primogênito da humanidade redimida" (João Paulo II, alocução de 2/2/2002). Isso se torna ainda mais evidente quando refletimos nas palavras proféticas do velho Simeão que prenuncia os sofrimentos de Jesus. É, pois, uma festa caracteristicamente cristológica.

Nem por isso, no entanto, deixa de ter um aspecto profundamente mariano, pois é Maria que o leva ao templo e é das mãos de Maria que Simeão recebe Jesus. Assim expressa Robert Cantoy: "Maria não reteve egoisticamente seu filho para si. Como permitiu que Simeão o tomasse nos braços, assim o oferece a cada um de nós" (I giorni del Signore, p. 1557)

De fato, várias vezes podemos verificar no Evangelho como o encontro com Jesus se dá através de Maria que o apresenta. Assim foi na santificação de João Batista, como atesta Isabel: "Quando ouvi a tua saudação, a criança estremeceu de alegria no meu seio."

Os pastores, primeiros visitantes de Jesus Menino, "foram com presteza e encontraram Maria, José e o Menino deitado numa manjedoura" (Lc 2,16). Igualmente os magos, seguindo a estrela, "encontraram o Menino com Maria, sua Mãe" (Mt 2,11).

Nas bodas de Cana, é a presença de Maria na festa de casamento que apressa o primeiro milagre de Jesus, desfaz a preocupação dos noivos e leva os apóstolos a "crerem em Jesus" (Jo 2,11).

Tais fatos nos fazem concluir com Paulo VI: "Dado que Maria deve ser o caminho pelo qual somos conduzidos a Cristo, a pessoa que encontra Maria não pode deixar igualmente de encontrar Cristo" (Enc. Mense Maio). Santo Afonso M. de Ligório já afirmara o mesmo quando, citando São Bernardo, afirma que "Maria é a estrada real para o Salvador" (Visitas a Jesus Sacramentado e Nossa Senhora, n. 29). E o Padre Faber chega a afirmar que "Jesus é pouco conhecido porque Maria é posta de lado".

Não adianta, pois, buscar outros caminhos diferentes daquele que o próprio Deus escolheu quando predestinou Maria para, através dela, nos dar o Salvador e a fez "generosa companheira e serva do Senhor" (LG 61). Por isso, Paulo VI na Exortação Apostólica sobre a Evangelização dá a Maria o significativo título de "Estrela da Evangelização" (EM 62).

Com razão escreve Francisco Carajal: "Às vezes, os homens percorrem mil caminhos extraviados, procurando a Deus com nostalgia; tentam chegar a Ele à força de braçadas, de complicadas especulações, e esquecem essa estrada simples que é Maria" (Falar com Deus, vol 7, p. 274).

Daí por que a Legião de Maria não poderia escolher outro meio para o seu trabalho evangelização. "A Legião tem o propósito de levar Maria ao mundo porque considera este objetivo a forma infal[ivel de ganhar o mundo para Cristo" (Manual, Cap. 6, n.1). "A Legião não se baseia, como alguns pretendem, sobre dois princípios, Maria e o Apostolado, mas sobre um só princípio - Maria - o qual abrange, por si só, o apostolado e toda a vida cristã" (Manual, Cap. 6, n.3).

Dom Mário Gurgel - Os Protagonistas da Evangelização

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº44

A festa de Cristo Rei do Universo, celebrada todos os anos no último domingo do Ano Litúrgico, leva-nos a tomar consciência de que, embora essa realeza universal e absoluta caiba a Jesus, de pleno direito, ela só será plenamente concretizada no final dos tempos e sua realização supõe a fermentação da sociedade humana pela força do Espírito Santo e a ação da Igreja.

Ora, como nos lembra a Constituição sobre a Igreja do Vaticano II, "Os leigos são especialmente chamados para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra" (LG 33)

Pio XII, em 1946, teve a coragem de afirmar que "os leigos encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja" (Discurso aos Cardeais); e os Bispos, na Conferência de Santo Domingo nos falam do "protagonismo dos Leigos" (S.Dom. 293). No entanto, para se chegar a essa conclusão, houve uma longa história.

Nos primórdios do Cristianismo a atuação apostólica dos leigos, baseada na ordem do Senhor: "Ide e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15) e facilmente depreendida da carta de S.Paulo aos Romanos (Rm 16), foi favorecida pela necessidade de deixar a Palestina, por causa das perseguições. Isso fez com que, através dos leigos, rapidamente se propagasse a mensagem da Boa Nova (cf At 8,4).

Com o correr dos anos, no entanto, foi crescendo sempre mais um absurdo clericalismo que restringia o encargo de evangelizar aos Bispos, Padre e membros de Congregações religiosas. Aos leigos restava apenas uma vida cristã passiva, incapaz de exercer a missão evangelizadora e até mesmo de aspirar a uma santidade que correspondesse ao seu estado de vida.

Houve, não há dúvida, exceções, como a dos leigos que no século 17 introduziram a fé cristã na Coréia para cuja assistência só em 1836, ou seja, duzentos anos depois, chegaram os primeiros missionários franceses.

Mas, a partir do século XIX começaram a surgir vários movimentos leigos de apostolado que, a princípio, foram olhados com desconfiança, mas depois, pela ação do Espírito Santo, foram acolhidos pelos Papas, principalmente a partir de Pio X. Dele se consta que, tendo perguntado a um grupo de Cardeais qual seria a coisa mais urgente naquele tempo, e recebendo as mais variadas respostas - levantar escolas católicas, multiplicar as igrejas, intensificar o recrutamento sacerdotal - corrigira: "Não, não! O que há de mais necessário é a existência, em cada paróquia, de um grupo de leigos que sejam, ao mesmo tempo, virtuosos, instruídos, resolutos e verdadeiramente apostólicos" (Manual da Legião, cap. 10).

A Legião de Maria, fundada por um leigo - Frank Duff - em 7 de Setembro de 1921, em Dublin (Irlanda), é certamente uma das mais difundidas, disciplinadas e atuantes associações apostólicas que une, de modo admirável, espiritualidade e zelo apostólico, devoção a Maria e ação. Com razão escrever Alfredo O Rahilly: "Fomentar entre os leigos o sentido de uma vocação própria - eis o importantíssimo papel da Legião de Maria...A convicção de uma vocação pessoal cria, inevitavelmente, o espírito apostólico, o desejo de prosseguir a obra de Cristo, de ser um outro Cristo, de servi-lo no mais pequenino de seus irmãos. É por isso que o Cardeal Riberi, ex-núncio apostólico na China afirmou: "A Legião de Maria é um milagre dos tempos modernos".

Dom Mário Gurgel - O Santuário dos Enfermos

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº48

Em 1991, o Papa João Paulo II escolheu justamente 11 de fevereiro - festa de Nossa Senhora de Lourdes - como dia Mundial do Enfermo, e a igreja de Lourdes, com razão, é denominada "Santuário dos Enfermos".

No dia 11 de fevereiro de 1858, na pequena cidade de Lourdes, Nossa Senhora Apareceu a uma humilde jovem, chamada Bernardete Soubirous. A aparição se repetiu ainda 17 vezes e, numa delas, por exigência do Bispo diocesano, transmitida pela vidente, disse seu nome: Imaculada Conceição. Para Bernardete, pobre aldeã semi-analfabeta, o título nada significava. Para o bispo, sim, pois quatro anos antes, em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX declarara dogma de fé a Imaculada Conceição de Maria.

Mais uma vez realizava-se o que diz o Concílio Vaticano II: (Maria) por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam, rodeados de perigos e dificuldades, até que seja conduzidos à feliz Pátria" (LG n. 62)

Para manifestar concretamente essa sua materna preocupação, Maria pediu a construção de um santuário naquele lugar inóspito e desconhecido. Bernardete transmitiu a mensagem ao pároco e, depois, ao bispo Dom Laurence. Tudo, no entanto parecia uma loucura, fruto de uma mente doentia. Bernardete chegou a ser até presa e ameaçada pela autoridade civil e policial.

Mas Nossa Senhora se encarregou de resolver o que parecia impossível, pois Bernardete morreu aos 37 anos, vítima de insidiosas crises asmáticas que a martirizavam, mesmo depois de entrar no convento de Nevers.

Hoje Lourdes tem um dos mais belos e grandiosos santuários marianos, visitado anualmente por cerca de 6 milhões de fiéis de todo mundo, a grande maioria, em busca da cura de doenças, e Maria não os decepciona. Como afirmou o Papa João Paulo II, na mensagem para a XII Jornada Mundial dos Enfermos (2004): "Desde a aparição a Bernardete Soubirous, Maria curou nesse lugar dores e enfermidades, restituindo a muito filhos seus a saúde do corpo" (...) "No entanto, Maria realizou prodígios muito mais surpreendentes no espírito dos fiéis, abrindo-os ao encontro com seu Filho Jesus, resposta autêntica às expectativas mais profundas do coração humano. O Espírito Santo que a cobriu com sua sombra no momento da Encarnação do Verbo, transforma o espírito de inumeráveis doentes que a Ela recorrem. Mesmo quando não alcançaram o dom da saúde corporal, podem receber sempre outro bem muito mais importante: a conversão do coração, fonte de paz e de alegria interior. Este dom transforma sua existência e os faz apóstolos da cruz de Cristo, estandarte de esperança, apesar das provações mais duras e difíceis."

Entre os fatos extraordinários que ali aconteceram, as duas comissões médicas que estudam exaustivamente todos os casos, mais de 6 mil foram declarados inexplicáveis para a Ciência. Mesmo assim, a Igreja, desde 1858 só reconheceu 67 como verdadeiros milagres.

Encerramos com esse testemunho de fé do chefe da equipe médica do Santuário de Lourdes, Dr. Patrick Theiller: "O mais importante é a saúde espiritual. É preciso ver as curas físicas dentro de uma perspectiva de eternidade, como uma antecipação da ressurreição do nosso corpo."

Dom Mário Gurgel - O que é amar o próximo ?

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista da Legião de Maria, nº64

Amar ao próximo pode ser entendido de maneiras diferentes e, dependendo dessas visões, as atitudes em que ele se manifestará serão também diferentes.

1 - Muitas pessoas de boa índole, mas sem espírito cristão, sentem compaixão de seu semelhante. É uma tendência natural que os leva a ajudá-lo. É o que se denomina "filantropia". É um amor imperfeito porque há sempre a relação de um "superior" que ajuda a um "inferior". Além disso, como parte de uma visão puramente humana, não percebe toda a grandeza da pessoa humana, imagem de Deus Criador. Acresce que essas atitudes filantrópicas são freqüentemente desvirtuadas pelo egoísmo e desejo de aparecer. Por isso, o Manual nos adverte que "o motivo principal das visitas legionárias não será, em nenhum caso e em nenhuma parte, o espírito de filantropia". (Man.Cap.39, item 17).

2 - Deus, no Antigo Testamento procura corrigir esse falso conceito de amor ao próximo, prescrevendo: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Lv 19,18). Com isso, desfaz a linha vertical (o superior que se compadece do inferior) para colocar uma linha vertical (o irmão que ajuda um igual). Era o que se poderia prescrever, tendo a vista falta de disposição do povo para mais. E assim mesmo, os judeus restringiram o conceito de próximo aos parentes ou membros do povo.

3 - Jesus corrigiu esse conceito restrito do amor ao próximo, tornando-o ilimitado em extensão e em profundidade.
Em extensão, porque devemos amar, como nosso próximo, toda pessoa, sem exceção, até nossos próprios inimigos: "Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mt 5,42).
Em profundidade porque, em vez de amá-lo como nos amamos a nós mesmos, devemos amá-lo "como Jesus nos amou", ou seja, sem limites. "Eu vos dou um novo mandamento: Que vos ameis uns aos outros. Assim como eu vos amei, amai-vos uns aos outros" (Jo 13,34). "Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei!" (Jo 15,12). E São João chega a uma conclusão extrema: "Conhecemos o Amor no fato d'Ele (Cristo) ter dado a vida por nós. Também não devemos dar a vida pelos irmãos" (1Jo 3,16). Isso se entende porque Cristo se identifica com o próximo, como o diz claramente quando descreve o julgamento: "Tudo o que tiverdes feito ao menor de meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25).
É esse o amor do próximo que se exige de todo cristão e, por isso mesmo, de todo o legionário. É significativo que o último capítulo do Manual, como seu coroamento, trata da Caridade. (Man. Cap. 41)

4 - No entanto, há um modo característico de o legionário viver esse amor ao próximo. É o que indica o Manual quando, falando sobre a execução do trabalho legionário, diz que ele deve ser feito "em espírito de fé e união com Maria, de tal forma que, pelo legionário, seja Maria, a Mãe de Jesus, que mais uma vez contemple e sirva a Pessoa Adorável de seu divino Filho naqueles por quem o legionário trabalha e em seus colegas de ação" (Man. Cap. 18, item 7). Volta a esse pensamento no cap. 39, n. 18: "Pelo legionário, Maria ama e cuida do seu divino Filho".

Por isso bem escreve o Cardeal Suenens:
A união do legionário com Maria conduzi-lo-á "a encarar o próximo com outros olhos, com os olhos de Maria; a falar-lhe com outros lábios, os lábios de Maria; a amá-lo com outro coração, o coração de Maria" (Teologia do Apostolado da Legião de Maria)

Dom Mário Gurgel - Nossa Senhora dos Mil Nomes

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº38

Antes de explicar a razão de tantos nomes, é preciso deixar claro que a Mãe de Jesus só tem um nome: Maria (em hebraico: Miriam), como nos diz S. Lucas ao narrar a aparição do arcanjo Gabriel para anunciar-lhe sua escolha para Mãe do Salvador: "E o nome da Virgem era MARIA" (Lc 1,27). Todas as outras denominações com que veneramos Nossa Senhora, não são nomes, mas títulos.

Isso, aliás é comum, quando a mesma pessoa tem várias funções ou prerrogativas: Assim quando falamos da Rainha da Inglaterra, Rainha da Escócia, Rainha do País de Gales e muitos outros títulos, queremos nos referir à mesma pessoa, a Rainha Elizabeth II.

Só que tão grande como a distância que vai entre a Rainha da Inglaterra e a Mãe de Deus é o número de títulos com que a honramos. Podemos apontar algumas razões que explicam esses títulos de Nossa Senhora.

Seus privilégios: Santa Maria, Mãe de Deus, Imaculada Conceição, Virgem Santíssima, Medianeira de todas as graças, Mãe da Igreja.

Fatos de sua vida ou lugares aonde viveu: Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora do Sim, Nossa Senhora de Belém, Nossa Senhora do Desterro, Nossa Senhora da Apresentação, Nossa Senhora do Cenáculo, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória.

Lugares ou aparições ou intervenções: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Salete e Nossa Senhora de Guadalupe.

Padroeira dos países

Praticamente, todos os países católicos têm Nossa Senhora como sua padroeira, sob um título especial. Citamos apenas os países da América Latina: Brasil - Nossa Senhora da Conceição Aparecida; Colômbia - Nossa Senhora de Chiquinquira; Venezuela - Nossa Senhora de Coromoto; Peru - Nossa Senhora da Evangelização; Bolívia - Nossa Senhora de Copacabana; Chile - Nossa Senhora do Carmo; Paraguai - Nossa Senhora da Assunção; Argentina - Nossa Senhora de Lujan; Uruguai - Nossa Senhora dos Trinta e Três (relembra os 33 homens que, sob a proteção de Nossa Senhora, empreenderam a independência do país em 1825).

A grandeza de Maria, Mãe de Deus e da Igreja, justifica plenamente tantos títulos que nada mais são do que a maneira prática de realizar aquilo que Ela mesma profetizou no Magnificat: "De agora em diante, toda as gerações me chamarão de mulher bem-aventurada" (Lc 1,48).

De outro lado, são expressões do amor e carinho, com que queremos homenagear nossa Mãe espiritual, procurando, de certa maneira, tornar mais pessoal o nosso relacionamento com Ela. É aquele modo de expressar tão próprio do coração do povo quando exclama: Minha Nossa Senhora!

Mas é preciso deixar bem claro para os fiéis que esses títulos se referem à mesma pessoa, porque só há uma Nossa Senhora, Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Enfim, como diz o poeta: "todas as nossa senhoras são a mesma Mãe de Deus!".

Dom Mário Gurgel - Nossa senhora do Carmo

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº40

A devoção a Nossa Senhora do Carmo está intimamente ligada à Ordem dos Carmelitas, instituto religioso que surgiu no século XII, quando alguns homens piedosos fundaram um convento no alto do monte Carmelo, na Palestina.

Fora lá que elias fizera cair fogo do céu para consumir os animais sacrificados e profetizara a chuva que aliviaria a seca devastadora com que Deus castigara o povo, devido à idolatria introduzida pelo rei Acab (Cf 1Re 18).

Interpretando a pequena nuvem vista por Elias e que se transpormou em abundante aguaceiro, como figura de Maria, de quem nasceria o Salvador da humanidade, eles se distinguiam por uma vida de penitência e uma profunda devoção a Nossa Senhora.

Transferida para a Europa, por intermédio de cruzados, a Ordem dos Carmelitas, embora crescesse extraordinariamente, veio a sofrer grandes perseguições por parte do próprio clero. Angustiado, seu superior geral na época, São Simão Stock, um dos primeiros ingleses a aderir à nova Ordem, recorreu fervorosamente a Maria.

No dia 16 de Julho de 1251, a Virgem Santíssima lhe apareceu, revestida do hábito usado pelos Carmelitas e prometeu uma especial proteção, não só aos membros da Ordem, mas a todos os fiéis que usassem o escapulário, veste distintiva dos carmelitas, como sinal de uma sincera consagração a ela e uma determinação de viver o espírito evangélico que os caracterizava.

A Ordem, de fato, tornou-se um viveiro de santos e santas, como São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila, Santa Teresinha do Menino Jesus e tantos outros. E colaborou também eficazmente para o trabalho de evangelização em terras de missão, como foi o caso do Brasil, onde, já em 1586, foi fundado o primeiro convento carmelita em Olinda.

Quanto ao escapulário - devidamente adaptado e simplificado para uso dos fiéis - tornou-se um dos objetos religiosos mais difundidos entre os fiéis católicos no mundo inteiro.

Os Papas, seguidamente, não só o aprovaram, mas pessoalmente o usaram e propagaram, como é o caso do Papa João Paulo II, que assim se exprime sobre o escapulário: "Eu também levo no meu coração, há muito tempo, o Escapulário do Carmo. Por isso, peço à Virgem do Carmo que nos ajude a todos, os religiosos e religiosas do Carmelo e os piedosos fiéis que a veneram filialmente, para que cresçam em seu amor e irradiem no mundo a presença dessa mulher de silêncio e de oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça."

É preciso, no entanto, ficar atento para que o escapulário não seja usado como "amuleto", como se usam as figas e outros objetos. Trata-se de um símbolo de nossa devoção a Nossa Senhora e um meio de nos confessarmos verdadeiros filhos dela. Claro que contamos com sua proteção, mas isso não decorre do escapulário em si, mas de bondade de Maria. Muito menos devemos pensar em esperar as graças e a salvação, prometidos por Nossa Senhora, sem um esforço de conversão verdadeira e de vivência do Evangelho. Pelo contrário, o uso do escapulário deve ser, de certa maneira, uma demonstração pública de nossa opção comprometida por Cristo, através de Maria.

Dom Mário Gurgel - Nossa Senhora das Dores na Vida e Missão da Igreja

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº42

Entre as muitas denominações de Nossa Senhora, várias se referem aos sofrimentos que marcaram toda a sua vida: Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora da Saudade, Nossa Senhora da Piedade... Entre essas e outras invocações que salientam suas angústias, a mais ampla é, sem dúvida, a de Nossa Senhora das Dores.

Embora se procure acentuar sete momentos (as sete dores): a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus em Jerusalém, o encontro a caminho do Calvário, sua permanência ao pé da cruz, a contemplação do Salvador morto em seus braços (Nossa Senhora da Piedade, imortalizada pela escultura Pietà de Miguel Ângelo), e o sepultamento de Jesus - esse título abrange muito mais: a cruz, como companheira inseparável de sua vida e missão.

A devoção a Nossa Senhora das Dores já se encontra no séxulo XI, mas difundiu-se mais a partir do século XIV, devido ao zelo da Ordem dos Servitas. Desta época é a bela sequência Stabat Mater (Estava a mão dolorosa...) de Jacopone de Todi. Foi Bento XIII quem colocou a celebração no calendário romano e Pio X, em 1913, determinou que a festa se celebrasse no dia 15 de setembro, significativamente, no dia seguinte à festa da Exaltação da Santa Cruz.

No Brasil, a devoção a Nossa Senhora das Dores é bastante difundida. Há, pelo menos, 116 paróquias que a têm por padroeira, sem falar nos inúmeros oratórios e ermidas.

Longe de ser apenas um vago sentimento, fruto da religiosidade popular, essa devoção, fortemente radicada no Evangelho, foi, por isso, muito apreciada por vários santos e traz grandes benefícios espirituais.

Podemos citar quatro méritos dessa piedosa devoção:
1 - Recordar, com compaixão, os sofrimentos por que Maria teve que passar para se assemelhar ao seu divino Filho, como profetizou o velho Simeão, quando Jesus foi levado por Maria ao templo. Após prenunciar as dificuldades e sofrimentos que esperavam o Salvador, acrescentou, dirigindo-se a Maria: "Uma espada de dor há de transpassar a tua alma" (Lc 2,35)

2 - Encher-nos de profunda gratidão pela disponibilidade de Maria em aceitar o desígnio de Deus de participar na obra da Redenção e tornar-se assim nossa Mãe espiritual. É o que lembra o Vaticano II, falando de Maria: "compadeceu na cruz. Assim, de modo inteiramente singular...cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural" (LG 61). Com o evangelista João ouvimos a palavra de Jesus: "Eis aí tua mãe" (Jo 19,26).

3 - Apresentá-la como modelo do cristão que compreende a importância da cruz para quem quiser seguir o Salvador: "Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz e me siga" (Mt 16,24). É interessante notar que não encontramos Maria nas horas de glorificação de Jesus mas, sempre, nas horas de sofrimento e humilhação.

4 - Assegurar, junto dela, o consolo nos momentos de amargura e luta, pois, como nos lembra o Vaticano II: (Maria, agora glorificada) "por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu filho, que ainda peregrinam, rodeados de perigos e dificuldades" (LG 62).

Dom Mário Gurgel - Natal de Jesus, Natal de Maria, Nosso Natal !!!

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº45

Denominação de uma festa religiosa específica da comemoração do nascimento de Jesus, o Natal transforma-se, freqüentemente, em uma variedade de festejos onde há lugar para tudo, menos para o aniversariante. Luzes, presentes, ceias fartas e um substituto, um velho de roupas estranhas, chamado "Papai Noel". É verdade que muito ainda procuram ir à "missa do galo" e fazem até um presépio em seus lares. Mas poucos compreendem toda a grandiosidade dessa representação.

O Natal de Jesus
O nascimento de Jesus na "Manjedoura" de Belém é a realização mais sublime do amor que Deus nos tem, como nos lembra o próprio Salvador: "Deus tanto amou o mundo que nos deu o seu próprio Filho" (Jo 3,16). E São João reafirma: "Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele" (1 Jo 4,9).
É a proclamação da Nova Aliança de Deus com o seu povo, como Jesus nos lembra: "Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas me preparaste um corpo" (Hb 10,5). E São Paulo sublinha: "Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu próprio Filho, nascido de uma mulher" (Gl 4,4). No Natal de Cristo "surge para toda a humanidade a esperança da verdadeira vida e felicidade porque a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre" (GS 10) que agora faz parte da nossa história.

O Natal de Maria
Nos desígnios de Deus o Natal de Jesus tem, para Maria, uma significação única. "A bem-aventurada Virgem, predestinada, desde toda a eternidade, junto com a encarnação do Verbo divino, para ser Mãe de Deus, foi na terra, por disposição da divina Providência, a Mãe do Redentor divino, mais que ninguém sua companheira generosa e a humilde escrava do Senhor" (LG 61).
Toda mãe, no nascimento de um filho, sente uma grande alegria por haver nascido um homem no mundo (Jo 16,21). Maria, no entanto, sabia que aquela criança deitada nas palhas da manjedoura, seu filho, era o "Filho do Altíssimo" (Lc 1,32).
No seu íntimo se misturavam, como num só sentimento, o amor de mãe e a adoração da humilde serva. Santo Agostinho comenta: "Jesus veio por meio de uma mulher que foi sua mãe, Ele que é Deus e Senhor do céu e da terra. Enquanto Senhor do mundo, Senhor do céu e da terra, é certamente Senhor também de Maria; enquanto Criador do céu e da terra, é Criador também de Maria. Mas, enquanto gerado de uma mulher, é filho de Maria" (S.Agost.Com.Ao Evang. de João 8,9).
No Natal se demonstra a excepcional grandeza de Maria, pois só Ela pode dizer a Jesus o que o Pai lhe diz desde toda a eternidade: "Tu és meu filho" (Hb 1,5).

O Nosso Natal
Mas, em seu olhar de fé, Maria via mais longe. Sabia que esse filho fora enviado por Deus para "salvar o povo de seus pecados" (Mt 1,21); que deveria ser o "primogênito entre muito irmãos" (Rm 8,29 Cf. Cl 1,15;Apo 1.5). Por isso, ao abraçá-lo e beijá-lo, sente-se mãe solícita que deverá acompanhar carinhosamente "todos os irmãos de seu Filho que ainda peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à feliz Pátria" (LG 62).
Por isso, o Natal de Cristo e de Maria é também o nosso Natal, a comemoração de nosso nascimento em Cristo e por Cristo. E no nosso Natal, como no de Cristo, é indispensável a presença de Maria.

Dom Mário Gurgel - Maria Nossa Rainha

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº38

Embora só em 1955 tenha Pio XII instituído a festa de Nossa Senhora Rainha, desde os primórdios os fiéis compreenderam o que mais tarde seria declarado pelo Concílio Vaticano II: "Maria foi elevada à glória celeste e exaltada pelo Senhor, como Rainha do Universo" (LG 59). Essa fé foi se intensificando a partir do século IV e teve suas mais marcantes expressões na Idade Média, quando surgiram vários hinos como Salve Rainha, Rainha do Céu, Ave Rainha dos céus, bem como os mistérios do Rosário e ladainha lauretana.

Essa convicção foi tão generalizada que, até mesmo o reformador Lutero, em seu comentário do Magnificat, assim se exprime: "Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da terra, comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real, é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante, a mais nobre imperatriz e rainha e bendita acima de toda nobreza, com sabedoria e santidade".

1. Sua dignidade de Mãe de Deus
É o que afirma Pio XII na encíclica Ad caeli reginam: "Com razão acreditou sempre o povo fiel, já nos séculos passados, que a mulher, de quem nasceu o Filho do Altíssimo - o qual reinará eternamente na casa de Jacó, Príncipe da Paz e Senhor dos Senhores -, recebeu mais que todas as outras criaturas singulares privilégios de graça. E considerando que há estreita relação entre uma mãe e seu filho, sem dificuldade reconheceu na Mãe de Deus a dignidade real sobre todas as coisas" (n. 8)

2. Sua santidade
Pio XII, na citada encíclica, assim declara: "Para melhor compreendermos a sublime dignidade, que a Mãe de Deus atingiu acima de todas as criaturas, podemos considerar que a santíssima Virgem, desde o primeiro instante de sua concepção, foi enriquecida de tal abundância de graças, que supera a graça de todos os santos. Por isso, como escreveu o nosso predecessor, de feliz memória, Pio IX, Deus "fez a maravilha de enriquecer, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças hauridas dos tesouros da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado, e toda bela, apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior debaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus" (n. 39)

O Vaticano II reforça essa afirmação quando diz que Maria "refulge para toda a comunidade dos eleitos, como exemplo de virtudes" (LG 65). Daí porque, na ladainha se saúda Maria, como Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens...

Para nós legionários de Maria, há uma outra razão para que saudemos Nossa Senhora, como nossa Rainha. É que, com a Tradição vemos nela aquela Mulher a quem seria dado aos pés a serpente infernal (Gn 3,15). Ela é a comandante daqueles que assumiram, com Ela, a missa de combater o reino do pecado e dilatar o Reino de Cristo.

É por isso que declaramos todos os anos, por ocasião da Acies, quando, desfilando perante sua imagem, repetimos com alegria: "Eu sou todo vosso, ó minha Rainha e minha Mãe, e tudo quanto tenho vos pertence".

Dom Mário Gurgel - Espiritualidade Mariana

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista da Legião de Maria, nº68

Primeiramente é preciso distinguir a devoção mariana da espiritualidade mariana.

A devoção a Maria decorre de sua posição única no plano da salvação. Escolhida desde toda a eternidade para ser a Mãe do Filho de Deus, ela foi um instrumento ativo nas mãos do Espírito Santo. Foi através dela que todos recebemos de Cristo a graça que nos fez filhos adotivos de Deus. Daí por que, com toda razão, ela é proclamada também mãe espiritual de todos os cristãos.

É esse o sentido das palavras de Jesus ao apóstolo João do alto da cruz: “Eis aí a tua mãe!” como nos lembrava João Paulo II: “Maria está presente na Igreja como Mãe de Cristo e, ao mesmo tempo, como a Mãe que o próprio Cristo, mo mistério da Redenção deu a o homem na pessoa do apóstolo João. Por isso, Maria abraça, com a sua nova maternidade no Espírito todos e cada um na Igreja; e abraça também todos e cada um mediante a Igreja” (RM 47).

Daí podermos afirmar que a devoção a Maria faz parte integrante da vida cristã. Nesse sentido, todo cristão verdadeiro é devoto de Maria.

Mas, em ter devoção a Maria a adotar uma espiritualidade mariana, vai um longo caminho que procuraremos sintetizar em dois pontos:

1 – Ter uma profunda convicção de que toda a nossa vida espiritual se desenvolve através e em completa dependência de Maria, de tal sorte que quanto mais progredirmos espiritualmente, mais dela dependeremos, como afirma o Cardeal Suennens:

“Se na vida natural é comum o filho separar-se da mãe e, aos poucos, ir-se dela afastando, na vida sobrenatural, ao contrário, nosso crescimento em Cristo vai nos tornando cada vez mais dependentes de Maria. Todos os eleitos são formados nela e nela permanecem ocultos enquanto dura sua formação, isto é, enquanto vivem aqui na terra. É-nos necessária uma mãe toda especial para o tempo de nossa fraqueza: a graça é o germe delicado da glória que se deve proteger contra ventos e tempestades. Estamos todos, até a morte, no período de gestação. Até os maiores santos foram gerados por Maria, e esta maternidade foi para eles tanto mais importante quanto maior sua dependência consentida” (Teologia do Apostolado da Legião de Maria).

2 – Procurar copiar na própria vida os traços mais característicos da espiritualidade de Maria. Na impossibilidade de enumerar todos esses traços, destacaremos os que nos parecem mais significativos:

a) Abertura à ação do Espírito Santo, com total disponibilidade

Sua resposta, por ocasião da Anunciação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” é o resumo de sua vida. Seu “faça-se em mim segundo a tua palavra” não foi um episódio transitório, mas o sentido de toda a sua existência. Em Belém “quando não havia lugar pra eles na estalagens” (Lc 2,7), como na fuga para o Egito, na pobreza de Nazaré, na despedida do Filho que dela se separou para cumprir a missão evangelizadora, mas principalmente ao pé da cruz, onde ela “estava de pé” (Jo 19,25). Em todas as circunstâncias e a todo momento: Faça-se.

b) Humildade

Na hora de sua suprema glorificação, sua resposta é o reconhecimento do seu nada e sua inteira submissão a Deus: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Os Santos Padres vêem nessa atitude de Maria, a contraposição à soberba e desobediência dos primeiros pais que sucumbiram à tentação do demônio: “Sereis como deuses” (Gn 3,5).

Após a exclamação de Isabel: “Donde me vem a honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor?” (Lc 1,43), ela canta no Magnificat: “Deus olhou para o nada de sua serva” (Lc 1,48).

Depois dos acontecimentos referentes à infância de Jesus, Maria não mais aparece no Evangelho, a não ser nas bodas de Caná, quando socorre os pobres noivos, e ao pé da cruz, como Mãe de uma condenado.

c) Comprometimento com a vitória sobre o pecado e o estabelecimento do Reino de Deus.

Mãe do Salvador e de todos os que dele receberam a graça salvadora, Maria é ao mesmo tempo, aquela Mulher predita no Gênesis (Gn 3,15) a quem caberia pisar a cabeça da serpente. É o Concílio Vaticano quem o afirma, quando diz que (Maria) é profeticamente esboçada na promessa dada aos primeiros pais caídos no pecado, quando se fala da vitória sobre a serpente. (LG 55). Por isso, o Santo Padre João Paulo II afirmava: “Maria, Mãe do Verbo Encarnado, está colocada no próprio centro dessa ‘inimizade’, dessa luta que acompanha o evoluir da história da humanidade sobre a terra e a próprio historia da salvação” (RM 1,11).

Daí por que, quem deseja assumir a espiritualidade mariana, não pode contentar-se com honrar Maria, nem mesmo com imitar sua virtudes. Terá que assumir, com Maria, seu papel insubstituível na luta, através do apostolado, contra o pecado e na difusão do Reino de Deus.

Dom Mário Gurgel - Como Podemos ser Santos ?

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista da Legião de Maria, nº67

1 – A santificação é obra do Espírito Santo:

“Fostes lavados, fostes santificados...em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito de nosso Deus” (1Cor 6,11). “(Deus) nos salvou mediante o batismo de regeneração e renovação do Espírito que, abundantemente, derramou em nós por Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3,5-6). “O amor de Deus se derramou em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

“Na realidade, todo batizado saiu ‘santificado’ das águas do batismo. Num sentido muito real – comum para S.Paulo e para a Igreja primitiva, - não temos de nos tornar, mas de permanecer santos. Temos de desenvolver a graça recebida e a santidade do ponto de partida. A rigor, não é porque imitamos Nosso Senhor que nos tornamos santos: é porque somos santos – pelo nosso batismo – que temos que imitá-lo” (TAL, p. 163).

2 – À nova maneira de “ser” corresponde uma nova maneira de “viver”

É o que S.Paulo compara com o desvestir o “homem velho” e revestir-se do “homem novo”. “Devereis abandonar vossa antiga conduta e vos despojar do homem velho, corrompido por concupiscências enganosas, para uma transformação espiritual de vossa mentalidade, revestir-vos do homem novo, criado segundo Deus em justiça e verdadeira santidade” (Ef 2,22-24). “Já vos despojastes do homem velho com todas as suas obras, e vestistes o novo” (CI 3,9-10). “Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado (com Cristo) para que fosse destruído o corpo de pecado e já não servíssemos ao pecado” (Rm 6,6).

Jesus também nos fala que o vinho novo (Evangelho) deve ser guardado em odres novos (homens novos). (Cf Mt 9,17).

3 – Na prática, a busca da santidade se resume em 3 coisas:

a) No esvaziamento de nós mesmo pela humildade, pelo combate ao egoísmo para que possamos ser repletos pela graça do Espírito Santo;

b) No apoiar-nos em Deus e Maria pela oração e pelo Sacramentos (especialmente a Eucaristia);

c) No recomeçarmos a cada dia e a cada instante.

Dom mário Gurgel - Assunção de Nossa Senhora

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº41

"Com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

Com essas palavras, no dia 1º de novembro de 1950, o S. Padre Pio XII declarava solenemente dogma de fé a gloriosa Assunção de Nossa Senhora. Isso, simplesmente confirmava uma antiquíssima tradição que se refletia na Liturgia desde os primeiros séculos, ou seja, que por uma graça especial de Deus, o corpo de Maria não sofreu a corrupção e Ela foi levada em corpo e alma para junto de seu divino Filho.

O Concílio Vaticano II reafirma essa verdade na Constituição sobre a Igreja: "A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda mancha da culpa original, terminado o curso de sua vida terrena, foi levada à glória celeste em corpo alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para que se conformasse mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Ap 19,16) e vencedor do pecado e da morte" (LG 59).

Depois dos dogmas da Maternidade divina, da sua Imaculada Conceição e da sua Virgindade perpétua, esse quarto e último dogma referente a Maria é uma dedução natural das prerrogativas anteriores.

S. Agostinho, relacionando a assunção à sua maternidade divina, assim escreve: "Já que a natureza humana está condenada à podridão e aos vermes, e que Jesus foi poupado desse ultraje, a natureza de Maria também está imune a isso, pois foi nela que Jesus assumiu a sua natureza". E S. Jerônimo, argumenta, baseando-se no afeto filial de Jesus para com sua santíssima Mãe: Aquele que disse: "Honra teu pai e tua mãe" (êxodo 20,12), e "Não vim destruir a lei, mas cumpri-la" (Mateus 5,17), certamente honrou sua mãe acima de todas as coisas, e, por isso, não duvidamos que o mesmo aconteceu com a bem-aventurada Maria", ou seja, preservou-a da corrupção.

Pio XII, por sua vez, partindo do dogma de sua Imaculada Conceição, afirma na Encíclica Munificentissimis Deus: "Esse privilégio brilhou com novo fulgor quando o nosso predecessor, de imortal memória, Pio IX, definiu solenemente o dogma da Imaculada Conceição. De fato esses dois dogmas estão estreitamente conexos entre si.

A Assunção de Nossa Senhora não é apenas uma afirmação de sua glorificação, mas também motivo de grande alegria para toda a Igreja, pois como afirma o Vaticano II: "depois de elevada ao céu, ela não abandonou esta missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz" (LG 62).

Dom Mário Gurgel - As Mulheres no Seguimento da Igreja

No tempo de Jesus, a grande expectativa do povo judeu era a de um Messias libertador social e político, que atendesse às suas necessidades sócio-econômicas e o livrasse do jugo dominador dos romanos.

No entanto, a pregação de Jesus não correspondeu a esses anseios, pois a libertação que propunha era muito mais profunda, pois exigia uma completa mudança na mentalidade, nos sentimentos e nas atitudes de seus seguidores.

Esse foi certamente o problema fundamental que tornou inaceitável a sua “boa nova”. Simeão já o profetizara quando afirmou que Jesus seria um “sinal de contradição” (Lc 2,34) e São Paulo o confirma quando diz que o Evangelho “é um escândalo para os judeus” (1Cor 1,23).

Um dos muitos aspectos dessa contradição que os escandalizava foi, sem dúvida, a atitude de Jesus com relação às mulheres. Quando os discípulos depararam com Jesus falando com a samaritana, “estranharam que estivesse falando com uma mulher” (Jo 4,27).

Para eles, a mulher era um ser de segunda categoria. Muito embora haja, no Antigo Testamento, grandes elogios a algumas mulheres, como Judite e Ester, o conceito negativo a respeito delas é bem significativo. “Foi pela mulher que o pecado começou e é por causa dela que todos morremos” (Eclo 25,24).

Isso chegou até a influir numa das redações dos mandamentos, onde a mulher é equiparada aos escravos e até aos animais: “Não cobiçarás a casa do próximo, nem a mulher do próximo, nem o escravo, nem o boi, nem o jumento, nem coisa alguma do que lhe pertence” (Êx 20,17). No culto, isso também era evidente. As mulheres, no templo, tinham de se restringir ao pátio das mulheres, logo após o pátio dos pagãos.

Jesus, pelo contrário, não as discrimina. Muitos de seus milagres são realizados a pedido de mulheres, a começar pelo primeiro em Caná, por simples sugestão de sua Mãe. Podemos lembrar aqui os casos da sogra de Pedro, da hemorroíssa, da cananéia, da mulher curvada, da viúva de Naim, da filha de Jairo.

Demonstra um grande sentimento de misericórdia para com as pecadoras, como a que lhe lavou os pés com suas lágrimas na casa do fariseu Simão e a flagrada em adultério. Mais ainda, cultivou uma profunda amizade com as irmãs Marta e Maria, em Betânia, onde procurava repouso, após as fadigosas atividades em Jerusalém.

Não é, pois, de admirar que – contra toda a oposição dos rabinos – as aceitasse como discípulas. E elas acompanharam Jesus desde a Galiléia (Lc 8,1-3; 23,54).

E o fizeram com extrema fidelidade. Quando todos os apóstolos, menos João, abandonaram o Mestre, as mulheres estiveram junto dele na hora do sofrimento, da agonia e da morte, entre elas, Maria, a Mãe de Jesus (Jo 19,25), “generosa companheira e serva do Senhor” (LG 61).

Jesus as recompensou, escolhendo Maria Madalena para primeira testemunha de sua Ressurreição e, por isso, com razão denominada por João Paulo II “apóstola dos apóstolos” (Mulieris Dignitatem n.16).

Já na Igreja primitiva, torna-se patente a ação evangelizadora de mulheres, como Prisca (2 Tm 4,19), Evódia e Sïntique (Fl 4,2), Febe, Maria, Trifena, Pérside, Trifosa (Rm 16, 1-16)), e tantas outras.

A história da Igreja está repleta desses testemunhos de mulheres – como nossas legionárias, especialmente na catequese e na ação caritativa – que foram e continuam a ser modelos do seguimento de Cristo.

Oração pela Beatificação de Alfie Lambe

Oração para Beatificação

Oh! Deus, que por sua clemência infinita inflamou o coração de seu criado, Alphonsus Lambe com um amor ardente por Vós e por Maria, nossa Mãe; um amor que se revelou em uma vida de intenso trabalho, oração e sacrifícios para a salvação de almas, conceda, se for Vossa vontade, que nós possamos obter, por sua intercessão, o que nós não podemos obter por nossos próprios méritos. Isto Vos pedimos por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

"Favores e graças alcançadas pela intercessão de Alphonsus Lambe, Edel Quinn e Frank Duff devem ser notificados e enviadas para os Senatus."

Santos da Legião - Alfie Lambe




O Servo de Deus, Alphonsus Lambe

O Servo de Deus, Alphonsus Lambe (conhecido como Alfie) nasceu em Tullamore, Irlanda na Festa de São João Batista, na sexta-feira, 24 de junho de 1932, durante o Congresso Internacional Eucarístico em Dublin. Assim como São João, ele era um precursor - o Precursor da Legião de Maria, que o Papa Paulo VI descreveu como "o maior movimento estabelecido para o bem das almas desde a era das grandes ordens religiosas".

Depois de passar parte de sua juventude no noviciado dos Irmãos Cristãos irlandeses, que ele teve que abandonar por causa de sua saúde delicada, ele encontrou sua vocação na Legião de Maria, e foi designado Enviado em 1953.

Com grande alegria, ele partiu para Bogotá, Colômbia, na Festa de Nossa Senhora de Monte Carmelo (16 de julho) daquele ano. Durante quase seis anos ele trabalhou incessantemente promovendo a Legião de Maria na Colômbia, Argentina, Equador, Uruguai e Brasil. Depois de um curto período padecendo de uma série doença, ele morreu em Buenos Aires no dia da Festa de Santa Inês (por coincidência, Lambe, em Inglês, significa Cordeiro, que em latim quer dizer Agnes, aportuguesado com Inês), em 21 de janeiro de 1959.

Deus tinha lhe dado grandes presentes naturais: uma personalidade que atraiu muitas almas ao serviço e amor de Deus, um entusiasmo contagiante e uma grande facilidade em aprender idiomas. Além do Inglês que foi sua língua natal.

Durante seus anos na América do Sul ele fundou um grande número de Praesidia e Conselhos da Legião de Maria, e treinou uma verdadeira multidão no apostolado da Legião. A sua devoção para com Maria era enorme, e em contatos com Legionários e outras pessoas, ele explicou e incentivou a prática da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora.

Padroeiros Legionários



A escolha dos padroeiros da Legião deve-se a alguns fatos da vida de cada um deles.
Assim, São José ocupa, junto a Jesus e Maria no céu, o primeiro lugar e assim a atividade da Igreja.

São João Evangelista, citado no Evangelho como "discípulo a quem Jesus amava", aos pés da cruz, representa toda a humanidade.

São João Batista foi o primeiro de todos os legionários, como procursor de Jesus.

São Pedro e São Paulo são os alicerces da Igreja no anúncio e na fidelidade.

São Miguel é o mais zeloso em honrar Maria e está sempre à espera de suas ordens e São Gabriel é o anjo da Anunciação: expôs, pela primeira vez, o mistério da Santíssima Trindade e anunciou a Encarnação de Jesus.

As Milícias do Céu, Legião dos Anjos de Maria são o símbolo da aliança da Legião com os Anjos.

São Luís Maria de Montfort, o único Padroeiro não Bíblico, desempenhou papel importante no processo da Legião. O Manual está cheio do seu espírito e as orações são um eco de suas palavras.

Significado dos Termos Latinos Utilizados




Temos, na Legião, inúmeras palavras latinas:


Legio Mariae

No Vexillum e na capa do Manual figuram apenas e somente as palavras: Legio Mariae (pronúncia: Légio Marie) que constituem o nome universal e oficial de nossa associação. "Legião de Maria! Que nome bem escolhido!" (Pio XI).

Acies


Está palavra latina significa um "exército em ordem de batalha". Designa, com propriedade, a cerimônia em que os legionários renovam anualmente sua consagração a Maria Santíssima.

Praesidium (Singular) e Praesidia (Plural)

Designava, entre os romanos da Antiguidade, um grupo de soldados incumbido de uma determinada tarefa: era um destacamento da Legião Romana.

Curia (Singular) e Curiae (Plural)

Era uma das divisões do povo romano ou o local onde o senado se reunia.

Comitium (Singular) e Comitia (Plural)

Era o lugar onde o povo se reunia para os comícios ou eleições, ou a própria reunião popular.

Regia (Singular) e Regiae (Plural)

Era a residência e local de trabalho do Pontífice Máximo ou a capital do rei, o palácio real.

Senatus (Singular e Plural)

Era a assémbleia mais elevada do povo romano.

Concilium (Singular) e Concilia (Plural)

Designava um Conselho ou assembléia deliberante.
Na Legião de Maria só existe um Conselho Central, em Dublin/Irlanda: Concilium Legionis Mariae (Conselho da Legião de Maria).

As Diferentes Expressões:

Curia, Comitium, Regia, Senatus - servem apra designar os diversos Conselhos. A Curia administra a Legião geralmente numa cidade e seus arredores. O Comitium supervisiona não só praesidium, mas também outras Curiae. O Conselho que exerce autoridade numa região, logo abaixo do Senatus, será chamado Regia. O Concilium decidirá se a Regia deve estar diretamente filiado ao Concilium ou a um Senatus. O Senatus é de caráter nacional ou regional.


Catena Legionis


Todo legionário deve rezar diariamente a Catena Legionis (corrente da Legião) composta principalmente pelo canto de Nossa Senhora (Magnificat: engrandece). O hino vespertino da Igreja, "o mais humilde e agradecido, o mais sublime e excelso de todos os cânticos." Nada há mais belo na Legião de Maria do que a reza comunitária da Catena. Quer o Praesidium se encontre cheio de júbilo, ou mergulhado na tristeza, quer ande penosamente nos caminhos estreitos do dia-a-dia, a Catena vem como brisa do céu, cheia dos perfumes daquela que é a Rosa e o Lírio dos Vales, trazer a todos, maravilhosamente, o frescor e a alegria.

Tessera (Singular) e Tesserae (Plural)

Entre os romanos, indicava a senha que os amigos entregavam uns aos outros como sinal de identificação; designava também um "vale" que dava direito a pão, dinheiro ou outro valor indicado. Na Legião Romana era a tabuazinha como a senha do dia. A Legião de Maria aplica a palavra à folha que contém suas orações e o seu quadro.

Vexillum (Singular) e Vexilla (Plural)

Significa estandarte, bandeira.

O "Vexillum Legionis" foi adaptado do estandarte da Legião Romana.

Existem ainda outros termos que são empregados em língua vernácula.
É o caso de "patrício" que designava uma pessoa de família nobre. Na igreja, são católicos desejosos de conhecer melhor sua religião, que reúnem mesalmente.

P.P.C. ( Peregrinação por Cristo )




Peregrinação por Cristo - P.P.C.

Ide e Anunciai

Nos primeiros séculos do cristianismo, a Europa havia sido devastada pelas invasões dos bárbaros. Na Irlanda, a fé foi preservada e monges irlandeses iniciaram o trabalho missionário de recristianizar a Europa, abandonando sua terra natal e dirigindo-se para localidades distantes. Um ideal os animava: difundir a fé. Chamaram a este movimento "Peregrinação Por Cristo".

Em sua visita a Dublin, o Papa João Paulo II declarou: "Faço neste momento uma "Peregrinação Por Cristo", ao país de onde tantos "pepecistas" partiram para a Europa; vivo um momento de intensa emoção".

Talvez a exemplo desses monges nasceu a "Peregrinação Por Cristo" nos tempos modernos.

A P.P.C., no início, foi chamada "Apostolado de Férias". Um grupo de doze legionários irlandeses foi a Londres; arranjaram emprego e, nas horas livres, faziam apostolado. Realizavam terços em praças públicas, vendiam publicações religiosas católicas e trabalhavam com imigrantes irlandeses que chegavam a Londres.

Em 1962 um primeiro grupo de 4 legionários dirigiu-se ao norte da Escócia, num local desconhecido e hostil. O trabalho foi realizado com êxito, o que motivou novos empreendimentos.

Alguns desses "Apostolados de Férias" foram realizados em localidades distantes até 100 km de igreja católica, o que impedia os legionários de participar da Santa Missa.
Resolveram, então, que seria necessária a presença de um sacerdote, acompanhando o grupo. No verão de 1963, 1500 legionários irlandeses, sacrificando suas féria, foram trabalhar pela Igreja na Inglaterra.

Quando Frank Duff incluiu este apostolado ao serviço legionário, deu-lhe o título de "Peregrinação por Cristo".

A Legião de Maria, propagando a P.P.C., segue uma tradição realmente memorável da Igreja.

Aqui no Brasil a P.P.C. integra a história da Legião desde o início, quando a então enviada, Joana Cronin, organizou uma P.P.C. de âmbito nacional, no Pará. Os legionários distribuíram-se em algumas localidades onde realizavam várias atividades apostólicas.

Foi uma experiência marcante e os legionários voltaram enriquecidos e animados e muitos continuaram a trabalhar nas sucessivas P.P.C. realizadas.

Todos os Senatus e Regiae brasileiras realizam este apostolado.

As P.P.C. repetem-se ano após ano, inclusive de âmbito internacional, como as realizadas em Lisboa/Portugal e Cabo Verde/África.

Independentemente do lugar onde se realiza, a P.P.C. segue o lema de São Francisco Xavier: "Cruzar o mundo, sofrer até a morte, o que importa, se é para salvar os irmãos?"