sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dom ´Mário Gurgel - Por Maria a Jesus

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº35

A festa da Apresentação de Jesus no templo está intimamente ligada à missão redentora de Cristo. Recordando o preceito da Lei mosaica de resgate dos primogênitos (Êx 13,10), ela nos leva a pensar em Cristo que se tornou, por sua morte e ressurreição, o "primogênito da humanidade redimida" (João Paulo II, alocução de 2/2/2002). Isso se torna ainda mais evidente quando refletimos nas palavras proféticas do velho Simeão que prenuncia os sofrimentos de Jesus. É, pois, uma festa caracteristicamente cristológica.

Nem por isso, no entanto, deixa de ter um aspecto profundamente mariano, pois é Maria que o leva ao templo e é das mãos de Maria que Simeão recebe Jesus. Assim expressa Robert Cantoy: "Maria não reteve egoisticamente seu filho para si. Como permitiu que Simeão o tomasse nos braços, assim o oferece a cada um de nós" (I giorni del Signore, p. 1557)

De fato, várias vezes podemos verificar no Evangelho como o encontro com Jesus se dá através de Maria que o apresenta. Assim foi na santificação de João Batista, como atesta Isabel: "Quando ouvi a tua saudação, a criança estremeceu de alegria no meu seio."

Os pastores, primeiros visitantes de Jesus Menino, "foram com presteza e encontraram Maria, José e o Menino deitado numa manjedoura" (Lc 2,16). Igualmente os magos, seguindo a estrela, "encontraram o Menino com Maria, sua Mãe" (Mt 2,11).

Nas bodas de Cana, é a presença de Maria na festa de casamento que apressa o primeiro milagre de Jesus, desfaz a preocupação dos noivos e leva os apóstolos a "crerem em Jesus" (Jo 2,11).

Tais fatos nos fazem concluir com Paulo VI: "Dado que Maria deve ser o caminho pelo qual somos conduzidos a Cristo, a pessoa que encontra Maria não pode deixar igualmente de encontrar Cristo" (Enc. Mense Maio). Santo Afonso M. de Ligório já afirmara o mesmo quando, citando São Bernardo, afirma que "Maria é a estrada real para o Salvador" (Visitas a Jesus Sacramentado e Nossa Senhora, n. 29). E o Padre Faber chega a afirmar que "Jesus é pouco conhecido porque Maria é posta de lado".

Não adianta, pois, buscar outros caminhos diferentes daquele que o próprio Deus escolheu quando predestinou Maria para, através dela, nos dar o Salvador e a fez "generosa companheira e serva do Senhor" (LG 61). Por isso, Paulo VI na Exortação Apostólica sobre a Evangelização dá a Maria o significativo título de "Estrela da Evangelização" (EM 62).

Com razão escreve Francisco Carajal: "Às vezes, os homens percorrem mil caminhos extraviados, procurando a Deus com nostalgia; tentam chegar a Ele à força de braçadas, de complicadas especulações, e esquecem essa estrada simples que é Maria" (Falar com Deus, vol 7, p. 274).

Daí por que a Legião de Maria não poderia escolher outro meio para o seu trabalho evangelização. "A Legião tem o propósito de levar Maria ao mundo porque considera este objetivo a forma infal[ivel de ganhar o mundo para Cristo" (Manual, Cap. 6, n.1). "A Legião não se baseia, como alguns pretendem, sobre dois princípios, Maria e o Apostolado, mas sobre um só princípio - Maria - o qual abrange, por si só, o apostolado e toda a vida cristã" (Manual, Cap. 6, n.3).

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