sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dom Mário Gurgel - Nossa senhora do Carmo

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº40

A devoção a Nossa Senhora do Carmo está intimamente ligada à Ordem dos Carmelitas, instituto religioso que surgiu no século XII, quando alguns homens piedosos fundaram um convento no alto do monte Carmelo, na Palestina.

Fora lá que elias fizera cair fogo do céu para consumir os animais sacrificados e profetizara a chuva que aliviaria a seca devastadora com que Deus castigara o povo, devido à idolatria introduzida pelo rei Acab (Cf 1Re 18).

Interpretando a pequena nuvem vista por Elias e que se transpormou em abundante aguaceiro, como figura de Maria, de quem nasceria o Salvador da humanidade, eles se distinguiam por uma vida de penitência e uma profunda devoção a Nossa Senhora.

Transferida para a Europa, por intermédio de cruzados, a Ordem dos Carmelitas, embora crescesse extraordinariamente, veio a sofrer grandes perseguições por parte do próprio clero. Angustiado, seu superior geral na época, São Simão Stock, um dos primeiros ingleses a aderir à nova Ordem, recorreu fervorosamente a Maria.

No dia 16 de Julho de 1251, a Virgem Santíssima lhe apareceu, revestida do hábito usado pelos Carmelitas e prometeu uma especial proteção, não só aos membros da Ordem, mas a todos os fiéis que usassem o escapulário, veste distintiva dos carmelitas, como sinal de uma sincera consagração a ela e uma determinação de viver o espírito evangélico que os caracterizava.

A Ordem, de fato, tornou-se um viveiro de santos e santas, como São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila, Santa Teresinha do Menino Jesus e tantos outros. E colaborou também eficazmente para o trabalho de evangelização em terras de missão, como foi o caso do Brasil, onde, já em 1586, foi fundado o primeiro convento carmelita em Olinda.

Quanto ao escapulário - devidamente adaptado e simplificado para uso dos fiéis - tornou-se um dos objetos religiosos mais difundidos entre os fiéis católicos no mundo inteiro.

Os Papas, seguidamente, não só o aprovaram, mas pessoalmente o usaram e propagaram, como é o caso do Papa João Paulo II, que assim se exprime sobre o escapulário: "Eu também levo no meu coração, há muito tempo, o Escapulário do Carmo. Por isso, peço à Virgem do Carmo que nos ajude a todos, os religiosos e religiosas do Carmelo e os piedosos fiéis que a veneram filialmente, para que cresçam em seu amor e irradiem no mundo a presença dessa mulher de silêncio e de oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça."

É preciso, no entanto, ficar atento para que o escapulário não seja usado como "amuleto", como se usam as figas e outros objetos. Trata-se de um símbolo de nossa devoção a Nossa Senhora e um meio de nos confessarmos verdadeiros filhos dela. Claro que contamos com sua proteção, mas isso não decorre do escapulário em si, mas de bondade de Maria. Muito menos devemos pensar em esperar as graças e a salvação, prometidos por Nossa Senhora, sem um esforço de conversão verdadeira e de vivência do Evangelho. Pelo contrário, o uso do escapulário deve ser, de certa maneira, uma demonstração pública de nossa opção comprometida por Cristo, através de Maria.

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