sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dom Mário Gurgel - Maria Nossa Rainha

Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS
Revista Aparecida, nº38

Embora só em 1955 tenha Pio XII instituído a festa de Nossa Senhora Rainha, desde os primórdios os fiéis compreenderam o que mais tarde seria declarado pelo Concílio Vaticano II: "Maria foi elevada à glória celeste e exaltada pelo Senhor, como Rainha do Universo" (LG 59). Essa fé foi se intensificando a partir do século IV e teve suas mais marcantes expressões na Idade Média, quando surgiram vários hinos como Salve Rainha, Rainha do Céu, Ave Rainha dos céus, bem como os mistérios do Rosário e ladainha lauretana.

Essa convicção foi tão generalizada que, até mesmo o reformador Lutero, em seu comentário do Magnificat, assim se exprime: "Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da terra, comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real, é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante, a mais nobre imperatriz e rainha e bendita acima de toda nobreza, com sabedoria e santidade".

1. Sua dignidade de Mãe de Deus
É o que afirma Pio XII na encíclica Ad caeli reginam: "Com razão acreditou sempre o povo fiel, já nos séculos passados, que a mulher, de quem nasceu o Filho do Altíssimo - o qual reinará eternamente na casa de Jacó, Príncipe da Paz e Senhor dos Senhores -, recebeu mais que todas as outras criaturas singulares privilégios de graça. E considerando que há estreita relação entre uma mãe e seu filho, sem dificuldade reconheceu na Mãe de Deus a dignidade real sobre todas as coisas" (n. 8)

2. Sua santidade
Pio XII, na citada encíclica, assim declara: "Para melhor compreendermos a sublime dignidade, que a Mãe de Deus atingiu acima de todas as criaturas, podemos considerar que a santíssima Virgem, desde o primeiro instante de sua concepção, foi enriquecida de tal abundância de graças, que supera a graça de todos os santos. Por isso, como escreveu o nosso predecessor, de feliz memória, Pio IX, Deus "fez a maravilha de enriquecer, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças hauridas dos tesouros da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado, e toda bela, apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior debaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus" (n. 39)

O Vaticano II reforça essa afirmação quando diz que Maria "refulge para toda a comunidade dos eleitos, como exemplo de virtudes" (LG 65). Daí porque, na ladainha se saúda Maria, como Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens...

Para nós legionários de Maria, há uma outra razão para que saudemos Nossa Senhora, como nossa Rainha. É que, com a Tradição vemos nela aquela Mulher a quem seria dado aos pés a serpente infernal (Gn 3,15). Ela é a comandante daqueles que assumiram, com Ela, a missa de combater o reino do pecado e dilatar o Reino de Cristo.

É por isso que declaramos todos os anos, por ocasião da Acies, quando, desfilando perante sua imagem, repetimos com alegria: "Eu sou todo vosso, ó minha Rainha e minha Mãe, e tudo quanto tenho vos pertence".

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